9 de novembro de 2011

Sobre a questão da escolha e do arbítrio

Ressurgindo após meses de inaptidão para escrever algo mais transcendental...

... após, de fato, eventos que ocorreram em minha vida e transformaram-na de tal maneira e em tal magnitude que me fez retornar a um possível outro moribundo internético (ou mesmo natimorto...).


Venho aqui comentar sobre a fundamental parte da humanidade, que é justamente a escolha. Confesso que a primeira vez que tive contato com este aspecto filosófico, não foi por qualquer escrito ou livro, mas nas telas do cinema ao assistir Matrix. Não exorto nem omito este fato, porque muitas vezes, consideramos de pouco caso quaisquer elementos oriundos de um blockbuster cinematográfico.

Voltando ao quesito escolha, estou experimentando ultimamente os frutos de intersecções de minha vida ulterior, sedimentada num histórico plural e expressivo, e na atual fase de vida, com possibilidades igualmente expressivas porém, a princípio, menos diversas. O fruto desta, se tornou de bom grado e em imenso prazer e deleite de pequenas felicidades, em sequências irregulares e inconstantes, mas com um plano de fundo de satisfação e alegria constantes.

Realizei que embora criptográfico quanto possa parecer, estas questões rendem muito mais do que uma mera observação direta. Isto é resultado de um tempo inteiramente ocupado por reticências produtivas, se é que de tal maneira possa exprimir uma reticência produtiva do que atualmente venho passando.

Mais uma vez, reitero que são escolhas tomadas baseadas no arbítrio. Arbitrar, embora esteja caracterizado de maneira inóspita mediante uma consciência hebraico-cristã, é parte fundamental de nossa vida. E ao se retirar o arbítrio, retiramos uma parte importante de nós mesmo.

Como nos cânones das Sete Partidas do Rei Alfonso, o Sábio, já se constava a evolução necessária do arbítrio, sem pudores ou arrependimentos, vejo que posso estar equivocado em várias arbitrariedades. Mas ainda assim, se serve de consolo ou refúgio, posso delinear um futuro no qual o principal aprendizado irá decorrer do ato de ensinar.

Pois é ensinando que se aprende, tanto quanto se aprende dos ensinamentos passados...

1 de março de 2011

O problema de descomplicar (ou a vantagem em complicar)

Tendo observado uma tendência universal à descomplicação de toda e qualquer informação, eu venho com um grande e sonoro “Objeção” a esta tendência.

Ao contrário, a complicação pode se apresentar como passo principal na emancipação e/ou criação de uma idéia. E é assim que se procede.

Uma informação pode ser simples ou complexa. A complexidade é fruto de detalhes que são imprescindíveis à apreensão da idéia como um todo. É mais ou menos como aquela história do telefone sem fio.

Se uma pessoa obtém uma informação que é simples, pode abrir margem para uma interpretação pessoal em um espectro de variações plausíveis desta, e aí o que começa com “Fulana gosta de Ciclano” vira “Fulana diz que gosta de Ciclano”, chegando a “Diz a Fulana, que gosta de Ciclano” , “Fulana finge que gosta de Ciclano” e pode terminar em “Fulana é falsa e está enganando o Ciclano”.

Neste caso simples, vemos que se de fato “Fulana gosta de Ciclano”, seria melhor adicionar termos e nuances que permitam que esta informação se mantenha. Se fossem usadas mais do que quatro palavras na idéia inicial, poderia-se afirmar a primeira informação sem haver qualquer falha. Uma frase como “Fulana gosta muito de Ciclano, ela tem muita admiração e respeito por ele, está apaixonada por ele” seria muito mais fácil de passar a idéia principal. Obviamente, poderíamos encontrar diversas maneiras de se subverter a frase, mas seria muito mais difícil de encontrar uma brecha que permitisse uma mudança direta do significado.

Noves fora a natureza humana, quando inclinada à perversão de idéias, a complexidade pode gerar uma segurança adicional na transmissão das idéias. E é isto que acontece, quando destrinchamos temas como o da sociedade, do ambiente e do ser humano.

Variados episódios eu encontro quem seja um arauto intransponível d’esta ou d’aquela idéia. Mesmo dentro de um ambiente que seria propício ao diálogo, muitas vezes a vaidade fala mais alto do que a razão, ou do que os fatos, e isto é o princípio de embates que não geram resultados. Ao invés de gerarem resultados, geram os perdedores e os vencedores.

Deveríamos olhar com mais cuidado as questões fundamentais do triângulo sociedade-ambiente-indivíduo, com uma aproximação mais disposta a aprender do que apreender. Porque apreendemos sempre aquilo que nos interessa, mas aprender demanda despojar-mo-nos de conceitos estabelecidos errôneamente, ou voluntariamente, para descobrirmos uma nova função, uma nova relação, uma nova idéia.

As idéias novas são vitimadas todos os dias pelo simplismo de um outro ‘triângulo’: oratória-demagogia-vaidade. Quantas e quantas vezes vemos isto nas rodas de conversa, nos debates e discussões, na vida profissional, na vida acadêmica. Penso eu que caso houvesse fórmula mágica de extirpar este triângulo, viveríamos mais próximos da utopia do que ousamos imaginar...

Quando volto ao triângulo sociedade-ambiente-indivíduo, analiso que muito do que é discutido ou debatido gira em torno de ideologias quase sempre constantes – e muito característico da civilização judaico-cristã-ocidental – que permeiam o dualismo bom-ruim, bem-mal. Os tons intermediários, as relativizações ou conceitos mais abstratos que estes são relegados ao niilismo ou então ao personalismo. E assim morrem as idéias novas, antes de serem sequer testadas.

Ao  final, busca-se sempre o ‘simples’ e ‘fácil’, e assim sacrificam-se ao altar do Pragmático as experiências novas e diferentes do comum, que poderiam trazer soluções de igual maneira. E como posso afirmar, este sacrifício é hipócrita ao realizarmos que este fundo de pragmatismo esconde interesses quase sempre exclusivos do triângulo oratória-demagogia-vaidade.

Função primeira desta carta é convidar quem puder ao exercício da complicação. Numa consulta rápida ao dicionário, está ali bem quietinho um significado interessante – complicar, como verbo transitivo direto, significa reunir coisas heterogêneas. Reunião implica somar, juntar. Quando se fala em juntar coisas heterogêneas, diferentes, espera-se que seja para fins de comparação e análise. E é isto que acontece quando complicamos as coisas.

 Comparamos e analisamos. E nada tem de mais fértil para a nova idéia, que a comparação e análise!

4 de fevereiro de 2011

O Meio Humano de Ser, no Ambiente...


Não é possível que um indivíduo em sã consciência acredite que problemas crônicos e atemporais das sociedades humanas possam ser resolvidos em um processo simples, única e exclusivamente com as tecnologias e conhecimentos disponíveis hoje. Desde que o século XX mostrou as complexidades do indivíduo humano, e firmaram-se disciplinas como a Psicologia, a Psicanálise, o Comportamento de Grupo, entre outras, a equação da sociedade que já era de uma complexidade absurda, aparentemente teve sua complexidade ‘elevada ao quadrado’, por assim dizer. Algumas vezes, parece que não existe solução para nada, mas isto é uma maneira irresponsável de se pensar; afinal, a primeira pirâmide no Egito deve ter sido algo imensamente complexo pra época, e que fez com que arquitetos e construtores olhassem para o faraó com cara de desdém, ou fizeram caretas quando este não olhava. Outrossim, foi realizada a obra, ao custo de milhares de funcionários, ao longo de décadas, e chegou-se, acredito eu, mais ou menos ao que foi desejado originalmente.

O problema ‘de fundo’, digamos que quase a raiz da questão ‘ambiental’, é praticamente uma questão retórica: o que queremos para nosso país, nossa sociedade? As tendências atuais mostram que, no plano social e econômico, houve sim uma melhora das condições de vida da maior parte da população. Temos passado algum tempo em busca dos novos paradigmas, como ‘desenvolvimento sustentável’ e ‘sócio ambiental’. Mas em verdade, os parâmetros destes termos foram criados, desenvolvidos e evoluídos dentro de sociedades muito diversas da nossa. Os primeiros ‘reflexos’ destas reflexões surgiram de Helsinki, capital da Finlândia, país que superou inúmeros obstáculos sociais e econômicos há mais de quarenta anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O alastramento de idéias foi direto para seus vizinhos, países europeus com um acúmulo histórico, econômico e estrutural de vários séculos, e embora a S.G.M. tenha devastado uma parte dos seus recursos econômicos e estruturais, a herança cultural física da sociedade européia permanecia inalterada. Em verdade, antes da S.G.M., o abismo econômico e social entre uma Suécia e um Brasil, era muitas vezes maior do que o atual, mesmo considerando outros fatores.

A despeito desta possível disparidade, pode-se argumentar que a conscientização partiria espontaneamente, de uma observação crítica da realidade. Ora, cabe ressaltar que, como vem sido provado no panorama político atual do Brasil, e de outros países em desenvolvimento dentro e fora da América Latina, as necessidades prementes como alimentação, moradia e dignidade humana superam em muito as outras necessidades prementes à um ambiente ‘sadio e limpo’. Caso exemplar são as favelas e outras aglomerações habitacionais às margens das grandes cidades. Não faltam exemplos de pessoas que abandonam a ‘paisagem bucólica e saudável’ pelo simples fato de nesta não haver como suprir as três necessidades básicas previamente colocadas. Estas pessoas ao longo das décadas se amontoaram em centros urbanos, sem maiores atenções para o ambiente em sua volta, pura e simplesmente para satisfazerem suas necessidades mais básicas, e de certa maneira, muitas conseguiram lograr êxito. A prova disto, é que o Brasil em menos de 60 anos, deixou de ter 60% da população dispersa no campo, para assombrosos 90% da população vivendo em centros urbanos hoje.

O esclarecimento da população frente aos problemas ambientais é lento e gradual. Nas décadas seguintes à Revolução Industrial, a Inglaterra passou por semelhantes termos, visto que a população agora dependia mais e mais de aquisição de dinheiro para sustento próprio, em detrimento da subsistência e outras possíveis formas de mitigar esta necessidade. Fora a parcela minoritária da população, a 'dona' dos meios de produção, parcela para a qual o direito de 'ganhar' ou 'progredir' é sagrado e intransigente! O período em questão durou mais que um século, e a um custo humano muito caro, como é facilmente percebido na história. Porém, hoje tomamos a Inglaterra como um exemplo de país ‘civilizado’, sendo o berço de boa parte das atuais organizações transnacionais de defesa do meio ambiente, dentro e fora de seu país (embora, para que justiça seja feita, cabe colocar que muito mais fora de seu país do que dentro dele).

E aí começa outra análise - não existem atalhos que possam ser tomados dentro da atual escalada da sociedade global com relação à este problema. Atalhar uma sociedade semi-colonial, semi-feudal (vide casos de coronelismo e clientelismo em várias regiões do Brasil, por exemplo) e intrinsecamente corrupta é um processo DOLOROSO.

Óbvio, sempre é mais doloroso para o lado fraco da corda. Acho dispensável maiores metáforas, mas maiores análises e concatenação de dados estarão sempre presentes! A história factual resume por si só.

Porém, isto não traz nada de 'objetivo' para a resolução do problema! Como resolver, pragmaticamente falando?

Continua na próxima semana...

28 de janeiro de 2011

O Meio Ambiente do Ser Humano

Tanto aos que acham que o Brasil deve se livrar das amarras e limites espúrios ao desenvolvimento econômico do país; e aos que incansavelmente se dedicam à salvação do planeta Terra, em defesa de um ecossistema pristino e intocável;

Busco trazer algumas luzes sobre quem passou a última década ouvindo discursos e idéias, e estudou textos científicos, disciplinas, pesquisas e livros sobre o assunto...

Faz-se mister colocar que, caso chegue-se em um consenso, é dever de todo e qualquer cidadão abdicar de qualquer controvérsia científica ou mesmo ‘humanista’ de defesa do meio ambiente. Já explico. Se vivemos uma sociedade super-especializada, que vem caminhando desde a Revolução Industrial, e hoje entendemos, ou pelo menos acreditamos, que seja o ápice da estruturação da sociedade, não haveria como existir contradição com o processo de redução da importância ambiental. Porque o fundamento da sociedade atual é o de que sempre haverão evoluções tecnológicas ligadas à recuperação ou superação de problemas.

As leis econômicas, mais ou menos universais, como oferta e demanda, curvas de produtividade ótima, entre outras, colocam que tudo é uma conseqüência em maior ou menor grau da competitividade entre entes privados, entre nações, e mesmo entre indivíduos dentro de um mesmo sistema. O sistema econômico em que vivemos (repito: o capitalista), para o bem e para o mal, funciona assim.

Não é importante em que parte de uma cadeia o indivíduo esteja: é importante se ele tem o esclarecimento de que esta posição é relevante e necessária. Dentro das ‘classes’ de indivíduos, sejam elas dividida por grau econômico (ou poder aquisitivo), ou por grau de instrução, ou por gênero, idade, etnia, entre outras, existem indivíduos, pessoas mesmo, que têm anseios, desejos, vontades. Direitos e, pressionado pela sociedade, deveres. E são estes indivíduos, que dentro de uma escolha lúcida e imparcial, optam se querem manter este meio de vida. Ou não, dependendo do sistema político em que se encontra o indivíduo.

O indivíduo quer ter, ou ao menos ter o desejo de ter, quaisquer comodidades ou ‘produtos’ que possa ter acesso. Desde uma viagem à Disney, passando pelo carro zero, pelo vinho fino importado, até os chinelos da marca que ele convém ser melhores, baseando-se no consumo de mídias, seja televisão ou internet. Este desejo, esta vontade de ter algo que ele julga necessário para sua sobrevivência, é a chave da questão ambiental atual. Porque na verdade, ele só consegue suprir este desejo DENTRO do sistema atual capitalista, para o bom e para o mau.

Não existe outra maneira de raciocinar, sem levarmos em conta o todo. Os processos que tentam vir pelas mesmas mídias, continuam sendo falhos no princípio. Se quisermos que todos os cidadãos tenham em suas casas lições virtuais sobre a importância do meio ambiente, sobre a reciclagem, sobre a poluição das águas do mar e dos rios e nascentes, pensaríamos em princípio que seria melhor se todos os indivíduos (todos os sete bilhões e tantos deles) tivessem acesso à internet, banda larga, computadores e televisores. Ora, se todos os indivíduos tiverem a oportunidade instantânea de acesso a isto, sabe-se que seriam necessários vários milhões de computadores, televisores, outros aparelhos eletrônicos. E o que quase a totalidade dos indivíduos ‘se esquecem’, é que estes precisam de toda uma cadeia produtiva que gera milhões (eu disse milhões) de quilos de poluentes de metais pesados, como cádmio, cobalto, chumbo, entre outros elementos de nomes curiosos da tabela periódica. E que a ciência atual, derivada dos processos de inúmeras cadeias produtivas de conhecimentos e aparelhos (produtos), sabe que podem ser responsáveis por um sem número de complicações ambientais, sanitárias e mesmo físicas.

Este é um pequeno encadeamento de raciocínio, bem fantasioso e de exemplo, que pode ser expandido para diversas áreas. Os Defensores da Terra, os ambientalistas e ecologistas, podem pensar que estou sendo cínico e parcial, mas em realidade, convivendo com ambos os lados ideológicos e posicionais dos indivíduos, eu estou meramente observando fatos. Estes fatos, ao se desenrolarem de maneira mais minuciosa e crítica, podem gerar um enorme desconforto. Afinal, o barco dos ativistas que zarpam heroicamente para defender pobres baleias indefesas (o que realmente é um absurdo do ponto de vista econômico: os custos de oportunidade da exploração comercial das baleias e seus subprodutos, me parecem muito baixos para se dar ao trabalho de fazê-lo) dificilmente seria à vela – aparentemente é movido à combustível fóssil. Ainda que fosse algum tipo de biodiesel, que no processo de elaboração gera algum resíduo, temos o casco, os impermeabilizantes utilizados, os equipamentos eletrônicos de navegação, enfim, vários outros produtos e componentes que demandam processos que, muitas vezes, são realizados fora de padrões de qualidade ambiental, e que mesmo estes padrões, não impedem poluição de algum grau à alguma parte do globo.

Não penso que seria de bom grado que um ativista ‘verde’, na frente de seu computador ou laptop, tomando um suco ‘natural’ embalado em Tetra-Pak (ah, foi só em um dia que ele não teve tempo de ir ao mercado de orgânicos, comprar uma laranja certificada como orgânica, para fazer um suco no espremedor de bambu orgânico...), conversando ao celular com outros colegas, saberia que seu impacto (ou pegada) no planeta pode ser maior que o que ele julga, mesmo sendo fiel utilizador de transporte coletivo ou bicicleta, se lavando com sabões feitos de cinzas aproveitadas da lenha (não de mogno, ou de imbuia, mas de eucalipto plantado certificado, embora o eucalipto seja um vilão responsável pela destruição do meio ambiente e etc.) usada para assar suas massas e pães integrais caseiras. Parece puro cinismo, mas o ponto é que neste ritmo, os ambientalistas mais ‘radicais’ apenas estarão adiando o inevitável – o inevitável é que as forças de mercado são mais espertas, e adiantando-se a possíveis desvios, já estão criando um NICHO DE MERCADO.

Em breve, ser ambientalista nada mais vai significar que ser pertencente á um nicho de mercado, com todo um aparato econômico pronto para atender as suas novas necessidades de consumo CONSCIENTE. Toda uma rede de produção se prepara para repassar os maiores custos, devido à restrição de uso de certos insumos agrícolas ou industriais, aos preços dos produtos e serviços, e alguns processos tendem a agrupar até mesmo produtores artesanais, no melhor estilo capitalista de resolver problemas. Se levarmos em conta as desigualdades sociais constantes à sociedade desde tempos imemoriais, desde quando se liam tábuas de argila em Ur, podemos calcular que mesmo que houvesse uma migração massiva de consumidores para este setor, ele seria ainda enormemente desproporcional à condição atual das camadas ‘menos favorecidas’ da população. 

E ainda temos o fator livre arbítrio, no qual vemos como exemplo os ‘churrasqueiros de domingo’: verdadeiros assassinos de bichos, que se vangloriam de comer a carne de animais produzidos em escala, em regimes de pecuária extensiva ou intensiva, mortos em matadouros tétricos, e cruelmente dilacerados em açougues, serão ‘do contra’, e objetivamente lutarão pelos seus direitos adquiridos desde os tempos dos sacrifícios do povo de Abraão, no qual comer carne do seu rebanho é um direito, senão divino, constitucional. E, como sabemos, toda a cadeia produtiva desde o nascimento do bezerrinho até a embalagem da carne em plásticos não-biodegradáveis continuará em muitas esquinas, em muitos mercados, por muito tempo. E na maioria das vezes, muito pouco ou nem um pouco ecológica ou consciente.

E isto é até uma visão extremamente positivista e otimista dentro dos padrões colocados. Não penso que seria assim no futuro, pois em verdade já o é em vários países, nos quais os ‘verdes’ são obrigados à convivência ‘quase pacífica’ com os ‘vermelhos’, ou ‘azuis’, ou ‘laranjas’ mesmo. Tal qual torcidas de futebol, haverá a necessidade premente de se relembrarem das Declarações Universais dos Direitos Humanos. 

Não existe hoje uma prova contrária à teoria de que, da maneira como desenham-se as linhas do horizonte, o futuro próximo está numa sectarização do mercado, que será extremamente frágil e dependente de outros processos, como as situações macroeconômicas de alguns países, e microeconômicas de algumas commodities ou produtos industriais. Os processos que vêm desde a tecnologia intensiva verde, como a produção de energia eólica e solar, a conversão de combustíveis fósseis para de biomassa, até a produção de detergentes altamente biodegradáveis, passa por todo um processo capitalista que, em última instância, depende de fatores de produção alheios às conseqüências ambientais de médio e longo prazo. E estes processos e fatores de produção, inexoravelmente, produzirão poluentes, seguirão com o consumo de matérias primais não renováveis, e podem levar em maior ou menor escala de tempo, a crises como a do vazamento de petróleo no Golfo do México, a contaminação do Aqüífero Guarani, entre outras crises que hoje, pela internet e televisão, podem ser acompanhados praticamente vinte e quatro horas por dia.

A palavra capitalista aqui aparece demasiado: mas assim o é. A questão ambiental é intrínsecamente ligada ao ser humano, e este é um animal econômico, mais que ecológico. 'Logia', de entendimento, cede lugar ao 'nomia' de organização e categorização. Jamais será possível realizarmos qualquer tipo de solução ou decisão a respeito do Meio Ambiente, se esquecermos que é o Meio Ambiente do Ser Humano. E somos apenas nós, habitantes 'conscientes' do pequeno planetinha azul, ou Planeta Terra, que temos a ganhar ou a perder com esta questão.

Posteriormente, elucidarei melhor o que quero dizer com isto... fica pra próxima!



Origem d'as Cartas Abertas...

Segundo o Aurélio:
Carta aberta. 1. A que se dirige publicamente a alguém nos jornais. 
As Cartas Abertas é (são) minha segunda incursão neste admirável mundo novo, onde a ágora é, agora, virtual e acessível a todos aqueles que possuem um certo nível sócio-econômico, embora superior aos de quem podem ter acesso a um jornal impresso. Ainda assim, um número maior que o de leitores de jornais impressos têm lido mais nos universos virtuais do que no universo real.

Embora múltiplas notícias, idéias e idiossincrasias passem muito rápido, e ao mesmo tempo, o processo principal se perde: o do conhecimento. Informação é algo com um fim em si mesma - está ali, factual e estática. Já o conhecimento nunca cessa, pois usa da informação para gerar novos processos, contínuo e mutável.

Desta missiva surgem minhAs Cartas Abertas, dirigidas como num jornal, aos que querem ler, e aos que também não querem ler, pois a curiosidade é o maior dos atributos humanos.